Notícia tirada do sistema de TVs da rodoviária do Tietê, em São Paulo.
E daqui:
Antes de mais nada, vamos relevar um fato: O que leva a mídia a expor um fato desses? O cidadão me passa quatro anos labutando numa faculdade de jornalismo pra soltar uma nota desse porte? Isso é pior que obituário, minha gente!
Pois bem, hora da reflexão.
João de Deus é o típico cidadão brasileiro que não deu certo. Preto, pobre, desempregado, descasado, desesperado, morador de rua. Com 38 anos de idade nas costas, sabe bem que é um sortudo de ainda estar vivo, e que sua hora não tarda. Seu próprio sobrenome, dizia ele, o havia esquecido.
João de Deus culpava e abençoava a cachaça diariamente. Ao mesmo tempo que destruia, esquentava. Matava lentamente, mas fazia esquecer com velocidade notável.
João de Deus havia sido espancado por um grupo de adolescentes industrializados e inconsequentes, que tem o mundo como uma bola de gude. João de Deus, sem um puto, sem honra e com um olho roxo, resolveu ir a igreja.
João de Deus rezou sem saber rezar. Pediu que sua morte viesse rápido. Viu dinheiro.
Olhou para os lados e, sorrateiramente, quebrou o pote com donativos a santa ("povo burro, dar dinheiro pra estátua", pensava) e pegou aquilo que conseguiu.
O padre? Bom, do jeito que as coisas andam, devia estar sodomizando algum garoto da paróquia e demorou pra reparar no dote quebrado. Quando reparou, não teve dúvidas: Polícia. Afinal, "como ficarei, digo... como DEUS ficará sem R$1,25?"
A polícia encontrou o caboclo, enfim. Bateu no caboclo, xingou o caboclo. Prendeu-o. E soltou-o, depois de perceber que simplesmente não sabem da lei que eles mesmo impõem.
João de Deus ficou sem sua cachaça e sem seu sobrenome. Deve estar por aí, quiçá vivo.
Não muito longe dali, um cidadão resolveu que ia ser prefeito de São Paulo. E foi.
Desviou quantias exorbitantes para sua conta suíça e, sem nenhum escrúpulo, assumiu o jargão de "rouba, mas faz".
Não apanhou, não foi xingado, não tardou a sair da prisão (prisão? risos).
Outro, que privatizou meio Brasil e desviou igualmente, não apanhou, não foi xingado, sequer preso ficou.
Aquele outro lá, que apoiava a ditadura (pra ele era pouco, isso sim), virou presidente da câmara dia desses. Não apanhou, não foi xingado, nem preso foi.
Afinal, o que são R$1,25?